terça-feira, maio 15, 2007

Um novo Paradigma de Planeamento da acessibilidade


A próxima sessão do Ponto de Encontro - 17 de Maio, das 17h30 às 19h30 - é dedicada ao tema Um novo Paradigma de Planeamento da acessibilidade e será apresentado pelo Eng. Mário Alves, Mestre em Transportes pelo Imperial College London e consultor de transportes e gestão da mobilidade.

O encontro fortuito com o "outro" é a pedra de toque da cidade democrática.
Ao colocarmos durante as últimas décadas a mobilidade como a prioridade a assegurar a todo o custo, fomos gradualmente perdendo a qualidade dos espaços de encontro. A opção pelas velocidades cada vez mais altas, leva necessariamente à apropriação tecnocrática do meio urbano por um pandemónio de sinalética e sua progressiva fragmentação pelas infra-estruturas rodoviárias – tudo factores que impõem a ocupação selvática do automóvel e esterilizam o espaço cívico que nos resta. Uma das formas mais simples de medir a saúde de uma democracia numa sociedade é através da dimensão dos seus passeios.

A acessibilidade, no seu sentido mais lato e que mede a qualidade do acesso, é um melhor indicador de equidade e bem-estar. A qualidade dos espaços de encontro em sítio público permite a verdadeiro acesso e interacção entre gerações, classes sociais e comunidades. Sem eles o cidadão isola-se, deixa de se sentir parte da "coisa pública" e deixa de participar em "causas comuns". Sem eles a cidade torna-se mais pobre e a democracia vítima de arbitrariedades que gradualmente dirigem o espaço público para o uso da máquina.

Temos construído as nossas cidades a pensar mais no automóvel e na velocidade que nas pessoas. Mesmo em sociedades altamente motorizadas, cerca de metade dos seus cidadãos não têm automóvel. Este facto parece esquecido entre os técnicos que desenham o espaço público. A autonomia e a possibilidade que uma criança tem de explorar o mundo que a rodeia são elementos fundamentais para o seu desenvolvimento físico e psíquico. Nos últimos anos as crianças que viajam de garagem-em-garagem estão em risco de crescer isoladas do mundo e dos amigos.

Há que alterar o paradigma autista que transformou as nossas ruas em esgotos de tráfego a céu aberto para o duvidoso benefício de alguns. Nas últimas década algumas cidades conseguiram com criatividade e imaginação reconquistar espaço público para as pessoas e alcançar um desenvolvimento mais harmonioso, solidário e sustentável. Com uma liderança politica forte e visões partilhadas e participadas de futuro é possível lançar as sementes da "cidade criativa".


Destinatários da sessão: Profissionais de planeamento e administração urbanística. Licenciados de formação diversificada relacionada com o urbanismo e mobilidade.

Inscrições

Lisboa E-Nova
Agência Municipal de Energia - Ambiente de Lisboa R. dos Fanqueiros, 38 1º 1100-231 Lisboa Tel. +351 218 847 010 Fax +351 218 847 029

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